A caverna do Mão
Ele é um dos cachorros da família, e tem a mania bem típica de alguns cachorros de gostar de futebol (e talvez por causa disso a afinidade entre ele e eu e meu pai).
Só que nós curtimos o jogo, ele gosta só da bola. Corre atrás das que caem no pátio e – via de regra – detona todas (ali do lado dele, na foto, são os “restos mortais” da mais recente bola incauta que se arriscou a entrar no nosso pátio). Mas o que eu queria ressaltar aqui é o lugar onde ele está na foto, registro que fiz agora, instantes atrás, antes do almoço. Aquela “caverna” ali é um monte de areia velha para o qual meu pai está achando um uso e que, quando começou a reutilizar, acabou ficando um buraco no qual ele percebeu que o Mão estava “curtindo a idéia” de morar. A areia ficou dura, exposta ao tempo, e se tornou possível criar aquela caverna.
Hilário.
Meu pai, “figura”, resolveu dar sequencia na escavação, e a caverna (que meus pais também chamam de iglu do Mão) foi ficando maior, e todos os dias ele foi entrando mais e mais, sempre levando de arrasto o resto de bola dele. E isso foi acontecendo mais e mais vezes, até que ele abandonou de vez a sua casinha e agora só dorme na caverna. E nesses últimos dias a gente discute, entre outras coisas, o que fazer com a areia, agora que ela virou a nova casa oficial do Mão...
A gente olha para esta cena e, no meio desse clima de natal e ano novo, percebe o quão pouco o Mão precisa para viver e ser feliz. Chega a ser ridículo, e não é questão de fazer comparações, mas o cachorro precisa muito menos do que a gente para alcançar a felicidade, nós com nossas contas, nossos direitos estranhos e nossos sonhos de consumo.
Que em 2012 cada um de nós possa achar sua própria caverna, seu próprio iglu do Mão, e que possamos perceber cada vez mais essa grande felicidade possível nas coisas mais simples e pequenas.
Um feliz ano novo para todos!
Márcio Rampi | 30 de dezembro de 2011

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