Falando sobre Lost

Já faz um bom tempo que Lost tem nos mostrado que as coisas dentro do universo ficcional criado para o seriado não são exatamente o que parecem, e que tudo não se trata exatamente de uma dualidade simples como ISSO É O BEM e ISSO É O MAL. No entanto, com a aproximação do encerramento da trama, a ânsia por respostas convincentes para os mistérios que há tanto tempo cativam nossa audiência faz com que muitos esqueçam este aspecto tão peculiar de Lost, de que não se trata apenas de preto e branco, mas sim de imensas camadas de cinza. O episódio Across The Sea, da sexta temporada, focado na infância do personagem Jacob e que para muitos prometia “respostas convincentes”, acabou gerando um vagalhão de opiniões, críticas e – bem no jeito Lost de fazer a coisa – teorias.

Nunca publiquei nada sobre Lost, apesar de acompanhar a trama e também teorizar sobre ela. Só que, talvez assolado pelo fim premente da trama, resolvi externar algumas singelas opiniões que tenho sobre o universo ficcional da série. Não são teorias ou coisas definitivas (pois não sou eu quem vai decidir alguma coisa na série). São apenas visões sobre como penso que as coisas irão acontecer diante dos que tenho visto nos últimos episódios da série e que (o mais legal de tudo!) em duas semanas vou saber se estão certas ou não!Acredito que não teremos resposta sobre o que é a ilha.
Na verdade, acho que todos já sabemos o que é a ilha, só não admitimos isso, e os roteiristas vão é deixar a coisa assim.

Acredito na ilha como uma metáfora para o mundo, e a tal caverna de luz de Across The Sea deixou isso claro. A ilha possui um segredo, uma tal luz que é o coração da ilha e bla bla bla... mas pouco importa o que essa luz é, na realidade! Pois é um segredo!
E o mundo (o nosso mundo, o real) está cheio de segredos, cheio de coisas que não podemos explicar, de coisas que não conseguimos entender. E todas estas “coisas que não podemos explicar” possuem seus “guardiões”: pessoas e/ou coisas que nos impedem de “ir além”. Para mim, a metáfora de Lost sobre a ilha ser o mundo está exatamente nesse ponto.


A ilha tem um segredo, e guardiões destes segredos. O mundo tem segredos, e também tem guardiões destes segredos. Portanto, acredito que não vamos saber o que são estes segredos na série, pois o foco, penso, não está em desvendar o segredo, mas sim no que acontece em torno e rumo a este segredo. A mãe falsa de Jacob e de seu irmão guardava o segredo por um motivo que talvez nem ela soubesse, e que talvez nenhum guardião antes dela soubesse também, mas escolheu seguir aquilo por um motivo que, no fundo, não importa. Ela acreditava naquilo, assim como Jacob acreditava, assim como Desmond acreditava nos números no computador. No fundo, tudo gira em torno disso: segredos.
Como no mundo.

Vivemos em torno de segredos: existe vida depois da morte? Existe vida em outro planeta? Existem dimensões paralelas a nossa?
Aí está, penso, a grande sacada de Lost.

Vi muitos, através deste tempo, decepcionarem-se com a série porque Lost fazia muitas perguntas e dava poucas respostas. Mas na verdade não devia haver resposta nenhuma ali! A grande questão é que não há uma resposta em Lost e talvez até na vida, e só há o que fazemos atrás de uma resposta ou em direção a uma. E o que vem quando achamos uma resposta? Como disse a mãe de Jacob e seu irmão em Across The Sea, vem outra pergunta. Quer fórmula melhor que esta pra cativar nossa audiência?

Enfim: Lost está chegando ao fim, e nas próximas duas semanas todos vamos querer respostas. Estou me preparando para o caso de não haverem respostas. Como disse, penso que a ilha é uma metáfora para o mundo. A ilha é o mundo. E a caverna de luz é o mistério do mundo, é o que veio antes e o que virá depois, e alguém tem que guardar isso, porque as pessoas quando tem poder enlouquecem. O irmão de Jacob, o chamado “homem de preto”, é alguém que perdeu a fé nisso de o segredo ser intocável, e resolveu fazer diferente. E esse segredo é o que fez com que tantos fizessem tantas coisas através do tempo na ilha mesmo sem saber por que faziam.

Uns acreditaram na ilha, outros não. Uns foram bons, uns foram maus. Todos foram bons e maus, e mais.
Eu desconheço o que vem a seguir, mas tenho dito: o que está além do mundo é um segredo, e vai permanecer assim. Assim será na ilha de Lost, onde o melhor de tudo sempre foi não o segredo, mas as pessoas “perdidas” correndo de um lado para o outro sem saber o que fazer diante do mistério que não vai ser desvendado ao todo.

Vai ver por isso o nome da série.
O "perdidos" não era, com certeza, uma referência a náufragos em uma ilha, mesmo.


Grande abraço a todos, fiquem com Deus!
Márcio Rampi - 12 de maio / 2010

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