Sobre o bate papo na Feira do Livro de Cachoeirinha

Participei ontem, no finzinho da tarde, início da noite, do debate sobre HQs e educação na Feira do Livro de Cachoeirinha, um bate papo muito legal com um pessoal mais do que entendido quando o assunto são HQs.

As falas dos professores Cristian Arnold e Romir Rodrigues foram muito legais, os caras sacam demais do que estão falando e acrescentam mesmo. Só os livros trazidos pelos dois já dariam uma tese, para vocês terem uma idéia. A parte mais “testemunhal” da vibe quadrinhos ficou por minha conta e do cartunista Jerri.

A proposta sobre discutir as HQs como instrumento pedagógico é daquelas que levariam muito mais tempo que o tempo de um bate papo como o de hoje para que se pudesse chegar a um denominador comum, um norte mais concreto, e por isso ilustro esse post com um esboço, fotografado, perdido nas minhas coisas. Afinal, todas as ilustrações nascem assim, esboços, e a construção de coisas começa assim também.

Voltando ao bate papo, na realidade a grande sacada desses encontros é mesmo esta: você não vai resolver o problema, vai é gerar uma semente que possa potencializar algo logo ali no futuro. Os exemplos levantados no bate papo sobre os quadrinhos do Eisner utilizados nas escolas aqui no Brasil e de outros exemplos “deslocados” do uso das HQs no processo educacional foram de uma riqueza enorme para que se possa entender a questão HQs como ferramenta pedagógica.

É visto e sabido que as HQs mudaram de “status”, se me é permitido dizer assim. Hoje, não se trata mais de mero produto para diversão de jovens adolescentes. Desde as graphics para adultos e das produções autorais de variados temas, os quadrinhos viraram um pouco o seu foco, mudaram um pouco o norte, tornaram mais aberto o seu leque. No entanto, aquela imagem de produto raso, para diversão pura e simples, ainda é o que penso seja a geradora desta falta de sincronia entre a HQ utilizada no processo educacional das crianças e a idade destas mesmas crianças. Em resumo: tudo bem, podemos considerar errado uma HQ com temática adulta ser apresentada para um público de primeira série como ferramenta pedagógica, mas não podemos por causa disso desconsiderar o uso da ferramenta HQs como ferramenta pedagógica.

O erro nesse processo não é das HQs, é de quem escolhe uma determinada história e não sabe filtrar o melhor uso da mesma (leia-se aqui melhor uso da mesma como acertar a faixa etária com o tema da HQ). Feito isso, daí é só utilizar as HQs no processo com o que elas têm de melhor, que é esta capacidade única de unir poesia e narrativa visual que tanto bem pode fazer para a formação dos jovens e das crianças.

Eu sou exemplo disso. Falei disso na Feira do Livro. Não fosse minha mãe e meu pai me permitirem ler A Gralha Azul mas também ler os quadrinhos da Disney e eu jamais teria descoberto as HQs, e jamais teria aprendido tudo que aprendi com elas e que hoje coloco com toda a força nas histórias que crio (leia-se aqui Diz Que Duvida! e tudo que vier daqui pra frente).

Para fechar o relato, foi bem legal encontrar pessoalmente um pessoal que não conhecia pessoalmente, que faz quadrinhos e que eu acompanho pela mídia, e que também, agora, acompanham meu trabalho com Diz Que Duvida! Pessoas como o Jonathan Pires, que tem um traço muito apurado para sua ainda pouca idade (muito bom teu trabalho, meu!). E pessoas como o Jerri, que entre diversas histórias que contou, se mostrou uma grande pessoa, super camarada, super receptivo. Deixei umas DQD! no stand da Família Falcote na Feira. Quem quiser, é só chegar lá.

E como não podia deixar de ser, o Jerri desenha todo mundo que ele encontra. Eu também não deixaria de ser capturado pelo traço veloz do cartunista. O desenho que ele fez é a imagem aí de baixo, show de bola!

Grande abraço a todos, fiquem com Deus.
MRampi